Então, vamos lá falar deste tema. Para começar, sabem qual é a origem da palavra «escravo»? Para quem não sabe, ela vem da palavra «eslavo». É que os escravos não foram só negros — os brancos também foram feitos escravos, e durante períodos muito mais longos do que aquele em que os europeus escravizaram africanos.
Os povos europeus brancos foram vítimas de escravatura em grande escala desde a Antiguidade romana (séc. III a.C.) até ao século XIX — ou seja, mais de 2 000 anos quase ininterruptos (romanos, vikings, bizantinos, árabes, corsários barbarescos, otomanos…).
Já o tráfico transatlântico organizado pelos europeus durou essencialmente cerca de 350–400 anos (de meados do século XV até à abolição no Brasil em 1888). Ou seja, os brancos foram escravizados durante cinco a seis vezes mais tempo do que o período em que os europeus foram os principais traficantes de escravos africanos.
Mas, sobre os escravos negros, sabiam que o maior e mais longo tráfico de escravos da História não foi o europeu, mas o árabo-muçulmano?
Pois é: durou 13 séculos (do século VII ao século XX), durou mais do triplo do tempo do que o praticado pelos europeus, deportou cerca de 17 milhões de africanos subsarianos e, devido à castração sistemática dos homens, quase não deixou descendentes — razão pela qual quase ninguém fala dele hoje.
Tidiane N’Diaye, antropólogo senegalês, chama-lhe «o genocídio ocultado» e tem um livro publicado sobre o assunto que pode ser encontrado nas livrarias.
Apesar de os árabes terem escravizado um número muito superior de pessoas ao dos europeus, tanto em duração como em quantidade, apenas aos europeus é apontado o dedo quando se fala deste tema; ou seja, como se costuma dizer, temos «dois pesos e duas medidas».



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