Quatro alunos de 12 anos foram flagrados tentando envenenar duas professoras em uma escola estadual de Salvador. O plano era colocar chumbinho em balas e oferecê-las às docentes de Matemática e Inglês. O motivo seria o medo da reprovação. O crime só não aconteceu porque outros alunos avisaram à direção.
É assustador perceber o ponto a que chegamos. Professores que dedicam a vida ao ensino agora precisam temer também pela própria sobrevivência. O caso da Bahia não é isolado. É um alerta sobre o que a escola está se tornando: um espaço de medo, de desrespeito e de violência.
Nos solidarizamos profundamente com as professoras que viveram esse terror e com todos os educadores que, em silêncio, sentem medo de que algo parecido aconteça com eles. É o retrato de uma sociedade adoecida, onde crianças de 12 anos cogitam matar por vingança escolar.
E o mais revoltante é saber que, provavelmente, nada vai acontecer. Nem punição escolar, nem consequência legal. A idade protege, o discurso da “imaturidade” ameniza, e o sistema tenta resolver o inaceitável com “ocorrência” e “conversas com familiares”. Mas quem vai cuidar do psicológico das professoras que passaram por essa violência? Como elas vão conseguir seguir lecionando para quem pensou em tornar os filhos delas órfãos?
Se o plano tivesse dado certo, duas famílias estariam chorando hoje. Duas mães talvez estivessem enterrando suas filhas. E, ainda assim, talvez a escola não parasse. Talvez houvesse um minuto de silêncio antes da primeira aula e uma nota oficial dizendo “lamentamos profundamente”. Afinal, o calendário letivo não pode atrasar.
Quem vai cuidar de quem ensina?
E que este caso sirva de alerta. Professoras, por mais triste que seja dizer isso, tenham cuidado ao aceitar qualquer alimento de alunos. Em tempos de tanto desequilíbrio emocional, até um gesto de afeto pode esconder uma intenção perigosa.

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