Falando à entrada para um jantar informal de chefes de diplomacia da UE, em Bruxelas, precisamente destinado a debater as revoluções e ondas de protestos no mundo árabe, e em particular no Magrebe, Luís Amado lembrou que, durante a presidência portuguesa da União, em 2007, Portugal já tentara "imprimir uma sensibilidade própria para os problemas que se desenvolvem em toda esta fronteira mediterrânica e oriental da União".
"Face à pressão destes acontecimentos, mais do que nunca nós temos que dar atenção aos problemas de longo prazo com que seremos confrontados", disse, defendendo ser tempo de a UE ter "uma visão estratégica sobre a relação com toda esta região de vizinhança".
Segundo Amado, "o que tem faltado nas diferentes posições da UE é justamente uma visão estratégica sobre a forma como pretende lidar com os problemas, que são muitos, que se lhe colocam nesta zona de fronteira de vizinhança".
"Acho que durante muitos anos andámos excessivamente preocupados com a fronteira leste da Europa e descuidámo-nos relativamente à visão estratégica que temos que ter para o futuro das nossas relações com esta fronteira crítica para a estabilidade, para a segurança e para o desenvolvimento da Europa nas próximas décadas", advertiu.
Amado adiantou que vai "apresentar ao Conselho algumas das ideias portuguesas sobre este processo e sobre a forma como a Europa deve lidar estrategicamente com os problemas que estão a desenvolver-se em cadeia desde a margem do Atlântico até ao Golfo Pérsico", remetendo mais explicações para depois de transmitir as suas ideias aos homólogos.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão voltar a abordar as "revoluções de jasmim" na Tunísia e Egito e as convulsões noutros países da região na reunião "formal" de segunda-feira, tendo o jantar informal de hoje sido marcado para permitir um debate político mais aprofundado.