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quinta-feira, 3 de julho de 2025

VAGA DE CALOR MARINHA NO MEDITERRÂNEO


 

🌡️🌊 VAGA DE CALOR MARINHA NO MEDITERRÂNEO
Os termómetros do Mar Mediterrâneo estão a bater recordes numa altura em que, teoricamente, o mar ainda deveria “arrefecer” a atmosfera. A realidade é o inverso:
• 30,55 °C na bóia de Dragonera (Maiorca) – valor medido às 17 h locais de 30 de junho. É o novo recorde para um mês de junho e apenas 1,3 °C abaixo do recorde absoluto anual da própria bóia (31,87 °C, registados em agosto de 2024) .
• Outras bóias espanholas também quebraram marcas históricas: Maó (Menorca) com 29,31 °C, Cabo Begur (Girona) com 29,1 °C, Valência 27,8 °C, Tarragona 28,8 °C e Barcelona 27,6 °C.
• A Agência Estatal de Meteorologia (AEMET) confirma que o Mediterrâneo ocidental já supera amplamente os 26 °C, com picos entre 28 °C e 30 °C, +5 °C a +6 °C acima da média climatológica para o início de julho.
• Segundo a análise do satélite Copernicus, o mar não ficou um único dia abaixo da média desde abril; em 30 de junho a temperatura média superficial situou-se em 26 °C, uma anomalia de +2,98 °C.
Por que isto assusta os especialistas?
• Noites tropicais em série – Palma de Maiorca teve 27 noites tropicais (mínimas ≥ 20 °C) e 4 tórridas (mínimas ≥ 25 °C) só em junho, valores inéditos para o mês.
• “Combustível” para super- tempestades – água mais quente evapora mais rápido e injeta energia extra na atmosfera, aumentando a probabilidade de episódios de granizo gigante e DANAS (depressões isoladas em altitude) particularmente virulentas.
• Ecossistemas à beira do colapso – mortalidades massivas de corais e prados de posidónia já são recorrentes quando a água ultrapassa 28 °C; a “tropicalização” traz peixes de águas quentes e proliferação precoce de medusas, alterando toda a cadeia alimentar.
• Tendência de fundo preocupante – o Mediterrâneo aquece 20 % mais rápido do que a média global dos oceanos, e os invernos curtos deixam cada vez menos tempo para o mar recuperar — há já quem fale num “mediterrâneo de três estações” (primavera-verão-outono).
O que esperar nos próximos dias?
Os modelos regionais apontam para a manutenção da anomalia térmica, sobretudo entre Baleares, costa valenciana e sul da Catalunha. Se a atual tendência não se inverter, novos recordes poderão cair ainda antes do pico climatológico de agosto, ampliando riscos para a saúde humana e para a biodiversidade costeira.
“Um coral que demora 200 anos a crescer pode morrer num único verão extremamente quente… e quase não consegue recuperar”, alerta a oceanógrafa Anna Cabré. 
Em síntese, a vaga de calor marinha deixou de ser um episódio excecional e aproxima-se perigosamente de uma nova “normalidade”, exigindo monitorização constante, planos de adaptação costeira e políticas climáticas mais ambiciosas para travar o aquecimento continuado do Mediterrâneo.

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