Há uma nova espécie em ascensão: o ser humano "frontal". Não confundir com o honesto, o sensato ou o empático.
O frontal é uma criatura especial — ele diz “as verdades” todas, doa a quem doer, porque, vejam bem, ele “não consegue ser falso”. Que herói.
Na cabeça destas almas iluminadas, qualquer pensamento que lhes passe pelo cérebro — por mais mal formulado, cru ou desnecessário que seja — precisa ser vomitado no colo do próximo. Porque guardar para si ou filtrar seria... falta de autenticidade, claro. E ninguém quer ser hipócrita! Muito menos educado.
É fascinante como essa frontalidade só aparece para criticar, apontar defeitos ou “dar toques”. Nunca se vê um frontal a dizer: “Pensei em ti e espero que estejas bem” ou “Parabéns, fizeste um ótimo trabalho.” Não. A frontalidade é seletiva e brilha, quase exclusivamente, em contexto de destruição gratuita.
“Eu digo o que penso, quem quiser que aguente.” Pois. E depois são os outros que não sabem lidar com a verdade. Como se a frontalidade fosse sinónimo de coragem e não de falta de filtro, empatia ou noção.
O mais curioso é que estas pessoas raramente aceitam a mesma dose de “sinceridade” de volta. Criticam, mas não suportam ser criticadas. Porque, no fundo, a sua frontalidade não é diálogo — é só ego armado em autenticidade.
Portanto, da próxima vez que alguém disser com orgulho “eu sou assim, digo tudo na cara”, talvez valha a pena responder: “Não, não és frontal. És só mal educado. E, pior ainda, convencido disso.”
By: Vera Duarte, FB, SPEAKER´S CORNER
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