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terça-feira, 9 de setembro de 2025

Uma menina chamada Anastásia e a sua ligação excecional com os animais


Em 1910, na gelada cidade portuária de Murmansk (Rússia), vivia uma menina chamada Anastásia. Desde muito pequena, algo nela chamava atenção: os animais a seguiam, como se fossem atraídos por uma força invisível. No começo, seus pais achavam graça — quando ela saía para brincar na neve, os cães do vilarejo a acompanhavam em silêncio, formando uma pequena comitiva. Depois vieram os gatos, que se enroscavam em suas pernas mesmo sendo ariscos com todos os outros.


Com o tempo, os vizinhos começaram a notar algo ainda mais extraordinário. Pássaros desciam do céu para pousar em seus ombros, e até cavalos, que costumavam ser difíceis de controlar, abaixavam a cabeça quando ela se aproximava. Era como se Anastásia fosse feita da essência da paz. Sua risada leve parecia embalar o coração de cada criatura viva.

A família não sabia explicar. Alguns diziam que era um dom divino; outros, que era um mistério perigoso. Mas Anastásia não se importava. Ela apenas amava os animais com todo o coração — conversava com eles como se fossem irmãos, partilhava seu pão com pardais e dormia com gatos enroscados junto a ela.

No entanto, sua vida seria curta. No rigoroso inverno de 1910, uma epidemia assolou a região. Muitas crianças adoeceram, e Anastásia também caiu de cama. Mesmo fraca, sua janela nunca ficava vazia: cães ficavam deitados na neve, pássaros batiam as asas nas vidraças, gatos miavam suavemente, como se tentassem chamar sua alma de volta. Na noite mais fria de fevereiro, ela deu seu último suspiro. Seus pais, em lágrimas, disseram que por um instante o silêncio tomou conta da casa — mas do lado de fora, os uivos, trinados e miados se ergueram como um coro de despedida.

No dia do enterro, o vilarejo inteiro presenciou algo que jamais esqueceria: atrás do caixão, uma procissão silenciosa seguia — cães, gatos, corvos e até cavalos caminharam juntos, sem que ninguém os conduzisse. Ficaram parados, imóveis, ao redor da cova, como se guardassem a menina pela última vez. Só foram embora depois que a neve cobriu por completo a pequena cruz de madeira.

Até hoje, os mais velhos de Murmansk contam a história da menina Anastásia, aquela que os animais amavam como a ninguém. Alguns acreditam que sua alma ainda vive entre as florestas geladas, guardada por todos os seres que um dia a amaram.

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